Para quem
disse que imitava a sociedade para pertencer a ela, acho que estou longe de
qualquer chance de sucesso.
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Meus
sentimentos são complexos, repletos de laços com passado, presente e expectativas
de futuro. Sentimentos envolvem terceiros de maneira direta, por isso não podem
ser resumidos numa única frase, explícita, escrita, de maneira indireta.
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Se curtidas
são sinônimos de afeto, se compartilhamentos são sinônimos de apoio, se
comentários são sinônimos de parceria, então não sou sua amiga.
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Se selfies
são provas de felicidade ou beleza, então não sou feliz, tão pouco bela, e nem
quero ser. Se check in
significa estar presente, devo estar ausente de aqui. Se convites são eventos
numa agenda virtual que depende do meu ato de logar, então não sou bem vinda.
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Se número de
contatos significa o quanto estou disposta a me doar, sinto muito. Não lembro o
nome de todos e não tenho tempo para o pequeno círculo do qual nunca me esqueço
(infelizmente).
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Eu não nasci
virtual. Nasci de uma conexão física, sou composta de carbono e habitada por
espírito.
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Posso
encerrar todos os meus acessos e continuar existindo. Ninguém vai saber. Posso
deixar de existir e minha vida virtual permanecer intacta. E muitos nunca saberão.
E se um dia alguém hackear minhas senhas, nem de longe terá roubado minha alma.
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Aprecio a tecnologia
que facilita a vida e aproxima as pessoas e lamento com pesar aqueles que
confundem facilidade com futilidade e aplicativos com o benefício de estar
distante.
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As coisas
não são o que são, mas sim, o significado que nós damos a elas. E há quem
prefira a suavidade da tela ao desconforto da vida.
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Meu legado
não é virtual e minha passagem não é por fios de fibra óptica.
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Meu perfil,
meu mundo virtual e minhas notícias são só a parte exterior, pública e
simplificada do meu ser. Renego essa vida, porque não estou disposta a abrir mão
do mundo que construí fora. Ou seria o contrário?
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Não faço
parte do novo mundo.
Não nasci
virtual.
Me nego a
ser virtual.
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Sou pedaço
de partícula humana dispersa no Universo cujo todo está fora do meu alcance
conhecer.
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Nasci. Sou
real. E faço questão de saber existir.
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Marina Casadei
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é isso ..lindo texto
ResponderExcluirOlá, garota que sonhava..
ResponderExcluirAcho oportuno, talvez pela primeira vez, retornar àquele final de início de amizade onde houve total sinceridade em dizer que não sentia conexão entre nós ao mesmo tempo que propôs o subterfúgio de tentarmos uma amizade virtual. Naquele momento, minha leitura sobre sua personalidade já me apontava que aquela solução estaria fadada ao fracasso. Hoje tenho certeza que apesar de ter sido um dia triste para mim saber que nosso contato se acabaria, foi o posicionamento correto.
De qualquer maneira, temporalmente visito este blog e me alegra, por alguns segundos, que vez ou outra é exposto algo sobre seu pensamento.
Te deixo saber que minha irmãzinha (13 anos), cujo fomento do gosto pela leitura se deu em nosso pequeno clube do livro, se interessou muito pelo seu livro e está lendo-o com o contexto de saber que foi escrito por alguém real, próximo, de origem muito similar a dela. Espero que ela tome esse exemplo para, se for o caso, num futuro próximo realizar esse mesmo marco.
Cuide-se.
Bjos,
Me