terça-feira, 28 de agosto de 2012

A favor do BOM SENSO acima da LEI

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Alguém notou que não são só os bandidos que estão cometendo crimes?
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A este respeito, gostaria de propor duas reflexões: primeiro, a maneira absurda com que os delitos têm sido tratados pela nossa Justiça. Pelo que percebo, bandido só está sendo considerado criminoso e assim, sendo julgado, condenado e preso, quando ele comete um crime hediondo. Caso contrário, registra-se a ocorrência e libera-se o infrator. 
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A outra reflexão é que, cada vez mais, parece que pessoas que não são bandidos estão praticando crimes de todos os tamanhos. Digo que não são bandidos porque não vivem no limbo na sociedade, não são excluídos, não são drogados ou vítimas de abuso. Teriam condições de estudar, trabalhar e levar uma vida digna, se quisessem. Mas não querem. Usam da sua inteligência, boa aparência, fator “falar um bom português” para aplicar golpes, assaltar, sequestrar.
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O crime de roubo está deixando de ser delito de uma classe marginalizada para se tornar uma fonte de renda escolhida conscientemente. E o que mais me desaponta não é o papel passivo do Governo nessa história. Mas sim, ver que pessoas de bem, gente como eu, estão roubando, enganando, abusando de uma liberdade descontrolada que está sendo cedida a elas.
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Eu gostaria de acreditar que se hoje tivéssemos o poder de escravizar outro povo, nós não o faríamos simplesmente porque sabemos que isso é errado.
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Eu gostaria de acreditar que se hoje todos nós ficássemos cegos, como em “Ensaio sobre a cegueira”, nós saberíamos nos organizar de forma que todos pudessem viver bem com isso.
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Eu gostaria de acreditar que se anarquistas tomassem o poder, banissem as leis e instituíssem a Sociedade Alternativa, eu poderia andar tranquilamente pelas ruas que eu não sofreria qualquer risco de violência sexual.
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Eu gostaria de acreditar que nós evoluímos. Mas qualquer pessoa com um pouco de senso crítico sabe que crucificaríamos Jesus novamente, se ele ressurgisse. As que negam, são hipócritas.

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Marina Casadei
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"Ninguém vê onde chegamos: os assassinos estão livres, nós não estamos". Legião Urbana

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"E assim nos tornamos brasileiros. Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro. Transformam um país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro". Cazuza

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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Sentença

Amo
Como quem ama o vento
Que sopra, mas não se toca, não se agarra, não se vê
Choro
Como quem lamenta

A perda daqueles que partiram para uma outra dimensão
Penso
Como quem raciocina

Uma fórmula física inovadora para fazer mais matemática
Desejo
Como quem espera
Pelo beijo do príncipe encantado, que nunca virá

Oro
Pela humanidade
Que sequer se dá conta da existência de seu todo
Observo
Como o sábio
Que fala menos, fala pouco e tampouco, fala
Sonho
Como o peregrino
Em busca de um tesouro que nem mesmo sabe dizer onde está
Estudo

Como o jovem
Que não descobriu a própria sexualidade, mas deve escolher uma profissão
Vivo
A vida de quem teme

A Deus, aos mortos e principalmente aos vivos
Amo mais
Como quem ama o vento
Que vem, vai, volta. Que sopra.
Que nunca é o mesmo.
Que existe, sem nunca ter nascido.
Que leva e traz. Que segue, sem direção.
Que desaparece, mas deixa mudanças por onde passar.


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Penso, logo.

De repente, cansei de criticar a sociedade
E resolvi aceitá-la da forma como se revela
Afinal, são tantas perguntas sem nenhuma resposta
Questionar ao vento já não tem mais sentido
Aceito meu destino, seja ele qual for
Já que seguir adiante não leva a lugar algum
Se não ao mesmo que se chegaria, sem sair do lugar
Movimenta-se até estando parado
Estaticidade é uma idéia que não existe
Assim como tudo, nada existe de verdade
Só o que há é o que há
E ninguém sabe o que há ou não
Se está bem diante dos olhos
E se o que está diante dos olhos, pode ser mera ilusão
Existe, então, a ilusão?
Feita de quê? De que partícula?
Feita de sonhos que não habitam nenhum espaço
Se não aquele que não existe
E o que existe, afinal?
Matéria composta de vazio
Vazio, uma idéia de que não se há nada
Idéia. Mais uma idéia que não existe.
E o que existe, afinal?
Tudo e nada são uma coisa só
Levam ao mesmo destino
Que se chegaria, mesmo sem se mover
Eu existo? Será? Será que penso que existo?
Será que pensar faz de mim uma idéia existente?
Tudo pensa então?
Tudo que meus olhos tocam?
Pensa, até, a ilusão?
O mundo que existe, pensa?
Aceito, assim, que o que é, é
Mesmo sem saber o que é ser
Não sabendo se sou, se não sou e se sou, o que sou eu
E assim, pensando, mas não existindo.


Marina Casadei

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