domingo, 10 de abril de 2011

Diário de Bordo – Parte III: A ENTREGA


Muita coisa aconteceu em quatro semanas por aqui. Toda a nossa vida é repleta de altos e baixos e todo mundo sabe disso. Mas quando se está vivendo uma vida que não lhe pertence pela eternidade, isso é uma montanha russa em altíssima velocidade.

Nas últimas quatro semanas, experimentei sentimentos como paixão, amor, amizade, alegria, raiva, depressão, tristeza e injustiça. Hoje é um lindo domingo ensolarado e eu me sinto tão fraca que mal posso levantar da cama. Brincar de montanha russa por muito tempo faz isso com a gente!

Em quatro semanas eu ri muito e me diverti muito. Mas ao mesmo tempo, experimentei sensações estranhas como frustação. É algo como a ressaca após a bebedeira. Durante a bebedeira tudo é maravilhoso, mas poucas horas depois, vem o enjoo e a dor de cabeça. E isso acaba com você.

Conforme minha irmã me falou nesse fim de semana, pessoas de outros países não se sentem iguais as outras. Por exemplo, se no seu cotidiano você vê alguém chorando, mesmo que você não tenha sentimentos por essa pessoa, você se sente mal com a situação. Você deseja que essa pessoa fique bem. Quando se está em outro país, com pessoas totalmente diferentes, é como se você estivesse assistindo um filme. Como se não estivesse envolvido com aquilo.

Nesse momento, o que eu sinto é como se tivesse tido sonhos e pesadelos esse tempo todo. Sinto que nada que aconteceu foi real. Sinto que estou assistindo um filme.

Isso faz eu me dar conta que no início da minha viagem cometi um erro grave e inocente. O erro de acreditar que isso pudesse ser real. O erro de me entregar a essa vida como parte da minha vida eterna, em vez de entender que, nesse momento, eu estou abduzida.

Mas, afinal, eu sou a garota que sonhava por alguma razão! Eu sou a menina que pensa que o mundo é bonitinho e que se alguém tenta abrir meus olhos, eu não quero ver. Eu sou a mulher determinada que não tem medo de enfrentar o que quer que seja. E eu me entrego. Eu me entrego a pessoas, eu me entrego a momentos, eu me entrego a vida. Porque pra mim, uma vida bem vivida é feita de entregas.


Esse é meu mundo. Essa sou eu. E muitas vezes, isso dói. Mas se eu acordar para realidade, não sei se conseguirei continuar respirando. Porque, se não for para ser assim, intenso, de coração aberto e sempre voltando suas ações pra aquilo que é nobre, se não for pra ser assim, não acredito que valha a pena ser.

Marina Casadei

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