sábado, 11 de janeiro de 2014

A felicidade ilusória faz mal


Há quem diga que felicidade só depende do nosso ponto de vista sobre as coisas. Lembro-me que quando os conceitos revelados pelo “O segredo” foram lançados, houve quem criticou, julgando como puro marketing e quem venerou, como se de fato o maior segredo do Universo tivesse sido revelado.
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Um pouco mais tarde, surgiram críticas mais concisas em relação a esse conceito, alegando que a tristeza e insatisfação eram parte natural da vida e que essa ideia de que felicidade só depende da sua opinião, na verdade, levava as pessoas ainda mais para a depressão. Elas passavam a se culpar por não estarem felizes - tanto porque não se sentirem felizes, como pelo fato de que não conseguiam conquistar aquilo que queriam (assumindo que suas conquistas/felicidade só dependem do poder da sua mente, é fato que você é único culpado por não ter o que quer).
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Sou uma grande adepta de livros e filmes de autoajuda e há muito tempo percebo o quanto este tipo de literatura peca por não estabelecer de forma clara o perfil do público-alvo. Um livro voltado para pessoas bagunceiras, que precisam seguir regras para conseguir se organizar, jamais poderia cair nas mãos de uma pessoa metódica, que já tem como hábito guardar suas roupas por cor. A vida ideal se revela no equilíbrio, e não nos extremos.
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Com isso, eu diria que este conceito distorcido de que felicidade é uma opinião é voltado para aquele tipo de pessoa que não se contenta com nada, pessimista e que mesmo quando consegue o que quer, faz questão de procurar um defeito só para continuar vivendo sua agonia habitual (existem pessoas viciadas nisso, como num vício qualquer).
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Para todas as demais pessoas, a felicidade jamais poderia ser vista como algo que só depende do seu ponto de vista. Uma vez que passamos a nos contentar com o que não queremos, com o que não é bom e positivo para nós de alguma forma, que nos forçamos a aceitar de bom grado uma situação que não deveria ser aceita, estamos vivendo fora da realidade e deixando de perseguir aquilo que realmente nos importa ou que nos faz feliz.
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É fundamental que saibamos reconhecer o que queremos. É fundamental que a gente acredite que o queremos é possível (e neste momento “O segredo” se aplica, claro). É fundamental traçar planos e correr atrás até conquistar o que desejamos –  e essa busca não nos torna um infeliz, mau humorado, insatisfeito, ingrato ou pessimista. É perfeitamente possível viver cada passo da sua busca com a alegria e bom humor e viver a plena felicidade quando conquistar seu objetivo. O alpinista almeja o pico e (tenho certeza) ele fará toda trilha até chegar lá com bom humor. E ele nunca irá se satisfazer com o pé da serra!
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Uma analogia simples para nosso entendimento é o famoso Hakuna Matata, do clássico Rei Leão. Esse conceito até serviu ao Simba enquanto ele era criança e não tinha maturidade e força (física e psicológica) suficiente para encarar a realidade e lutar pelo seu Reino. Mas quando ele cresceu e o encontro com Nala o fez acordar, ele se deu conta de que para atingir a verdadeira felicidade teria de reviver seus traumas e brigar pelo seu Reino.
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Não finja ser feliz só para satisfazer um conceito social que está moda. Tenha plena convicção da realidade a sua volta e do que você deseja. Busque seus sonhos com bom humor e viva a plena felicidade quando os conquistar. Depois, crie outros sonhos para perseguir. É para isso que estamos aqui.
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Marina Casadei
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