domingo, 23 de junho de 2013

A loucura (e perigo) da DESINFORMAÇÃO

Não tem como ficar em silêncio depois de ver o que vimos nas duas últimas semanas.
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No início dos protestos, me posicionei veementemente contra por acreditar que se tratava de algum tipo de golpe partidário. Depois de uns três ou quatro dias, comecei a flexibilizar minha opinião e, finalmente, após o ocorrido de terça, 18/jun, na Prefeitura de São Paulo, percebi que se tratava de um manifesto genuíno (o ocorrido de 18/jun está publicado em meu facebook e descrito abaixo, em cinza, nota nº 5).
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De maneira não planejada, os protestos foram tomando conta do país, outras pautas foram acrescidas aos movimentos e a coisa toda dispersou. Os próprios manifestantes, iniciantes do movimento, ficaram confusos.
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De repente, surgiu um vídeo bizarro, porém cativante, que determinava cinco causas que levaram o povo a tanta rebeldia. Esse vídeo foi publicado sob a patente dos Anonymous: um grupo apartidário e que ninguém sabe quem é. Como se já não bastasse ter de lidar com um grupo que não mostra a cara, este grupo Anonymous veio a público dizer que sua conta foi hackeada e que o vídeo “As cinco causas” não é obra deles.
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O QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ????
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Que loucura é essa que estamos vivendo? Não confiamos na mídia - não podemos confiar. Ao mesmo tempo, dependemos da mídia para ter acesso à informação. Se vamos a uma manifestação para ver com os próprios olhos o que está acontecendo, nos deparamos com pessoas falando línguas diferentes. E, se somos um pouco menos informados (como eu, admito), ou não entendemos coisa alguma ou entendemos tudo errado. Desconfiamos, sim, de tudo e todos.
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Não condeno pessoas que, como eu, por pura falta de acesso à informação verdadeira, criticou sem saber o que estava criticando e apoiou, sem saber o que estava apoiando. Busquei informação em fontes seguras – junto aos militantes desses movimentos, que seria a única fonte efetivamente segura nessa zona da desinformação. Agora sei o que defender, mas nem todos têm acesso a tais canais e, por isso, às pessoas mais engajadas, peço um mínimo de paciência com o restante da sociedade.
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Para quem tem me acompanhado no facebook, repeti dezenas de vezes que foi assim que Hitler fez a Alemanha nazista. Foi assim também que a extrema religiosa dominou o poder no Irã, na década de 70. Não é sensacionalismo. Estamos vivendo um período longo de desinformação, não sabemos em que acreditar e estamos sedentos por acreditar em alguma coisa. Isso é preocupante, pois qualquer aventureiro pode, fazendo uso da carência da massa, conquistar a sociedade apoiando causas cuja opinião é óbvia e quase unânime.
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Há um grande território que precisa ser ocupado – aquele dentro da nossa cabeça. Não nos deixemos vender, especialmente quando o marketing estiver tão latente. Desejemos sim, um Brasil melhor, mas lembrando sempre que melhoramos o mundo quando melhoramos a nós mesmos, individualmente. Essa é uma verdade absoluta, que não tenho receio de abraçar.
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Marina Casadei
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1) Desinformação, segundo dicionários: desconhecimento, ignorância. Ação ou resultado de desinformar. Informação falsa que é divulgada com o propósito de confundir.
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2) A respeito do golpe do Irã, recomendo o livro ‘Persépolis’ – uma bibliografia em quadrinhos escrita por uma mulher que tinha 10 anos de idade quando o golpe aconteceu. Fabuloso.
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3) A respeito da desinformação, recomendo o livro ‘1984’ – é uma ficção, na qual as manchetes dos jornais com data no passado são alteradas e as pessoas não percebem, tamanho o alienismo delas (aliás, estamos chegando lá).
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4) Admito, sem orgulho algum, mas admito, que não sou uma pessoa politizada. Assim, aqui vão algumas informações que consegui com alguns conhecidos politizados: (a)partidos apoiam causas livres e isso é democracia. Ser apartidário é simplesmente não ter partido, mas respeitar a todos eles e entender que eles precisam existir. Ser antipartido é anarquismo ou facismo – cuidado! A revolta contra os partidos teve palco nas manifestações, provavelmente, motivada por pura ignorância e isso é um grande perigo. (b) as manifestações não tinham por objetivo se dispersar, tomando a cidade de São Paulo inteira. Isso aconteceu ou por falta de organização, ou porque infiltrados promoveram essa dispersão. (c) embora exista “movimento passe livre” fora de São Paulo e militantes de diversos movimentos se comuniquem em todo o Brasil, não foi planejado que as manifestações eclodissem por todo país; isso simplesmente aconteceu, o que também é sinal de alerta. (d) essa exaltação à pátria e ao hino nacional foi utilizada quando do golpe militar. Então, se você é como eu que se emociona ao cantar o hino, segure a onda! Você pode estar sendo usado para fins diabólicos. (e) a Fifa até entrou em alerta com os ocorridos, mas retirar a Copa daqui do Brasil a essa altura do campeonato causaria muito mais prejuízos, do que seguir em frente com o projeto (há multas bilionárias envolvidas em um processo desse tipo). Então, não apoie essa idéia que chegou a brotar em alguns canais.
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5) Relato em meu facebook, referente a manifestação de 18/jun, que me fez mudar de opinião:
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“Hoje vi uma linda cena: meia dúzia de manifestantes (bandidos, na verdade) tentando invadir a prefeitura de São Paulo de forma muito agressiva, quando um grande grupo de manifestantes se aproxima, gritam em torcida "sem vandalismo", formam um cordão humano afastando os agressores da entrada da prefeitura e reconstroem a barreira formada pelas grades de proteção, anteriormente derrubadas pelo grupo agressivo. Ok, vocês me conquistaram. Com grande emoção, eis meu sincero MUITO OBRIGADA, BRASIL! Vocês têm meu apoio”.
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6) Não sou militante de nenhuma causa específica. Simplesmente defendo o bom senso e ética do indivíduo. Defendo que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, independente de amar a Deus. Defendo que devemos nos colocar no lugar dos outros e que devemos questionar (e nunca julgar) tudo o que vemos e ouvimos. Sonhadora, eu? Não. Só estou sendo eu mesma, mais uma vez na vida.
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