terça-feira, 14 de maio de 2013

Meditando...

Quando ouço o canto dos pássaros, penso no vento que sacode as árvores, nas folhas que caem no rio e na água que corre pro mar, batendo em pedras em todo percurso e passando por quedas e quedas d’água, construindo cachoeiras, as vezes grandes e bonitas, as vezes imperceptíveis, até chegar ao mar, onde se perde em tamanha imensidão.
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E eu não sei onde eu me encaixo no ciclo da natureza. 
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Todos os dias o relógio desperta antes do sol nascer. Ligo o chuveiro, troco de roupa, saio na madrugada fria de todos os dias. Chego ao meu destino e bato o cartão de ponto, em ponto.  Mais um dia de rotina moderna que se vai, voando, de segunda a sexta-feira e outra vez, de segunda a sexta-feira.
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E eu tento entender qual é o sentido disso. 
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Ofereço um brinde ao sorriso dos amigos, às novas piadas, e às velhas contadas centenas de vezes, à cerveja gelada, aos jogos, ao gol, aos fogos de artifício, ao latido dos cachorros e a todos os detalhes que só um dia domingo pode oferecer.
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E sorrindo, pois não poderia ser diferente, eu tento imaginar o que isso realmente significa.
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A geleira polar se derrete, aumentando o volume do oceano. A camada que protege o nosso planeta está se rompendo pouco a pouco. As campanhas de proteção ao meio-ambiente crescem. É uma preocupação mundial. A natureza sofre ameaças universais cujo risco não é totalmente conhecido. Queremos salvar o planeta para que o homem continue a fazer a guerra, a boicotar o comércio dos outros países, maltratar animais, matar, roubar, violentar, desenvolver bombas mais potentes e discriminar, indiscriminadamente.
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E eu me pergunto “porque tudo isso”. E só ouço o silêncio como resposta.
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Os artistas pintam, compõem, dançam, escrevem, ensaiam a nova peça e desenvolvem novas tecnologias. Os museus são visitados por todos. As grandes obras são levadas a vários lugares para serem apreciadas. O trabalho da ONG que constrói esculturas de primeira linha com material reciclado nos revela a criação de um novo estilo de arte, ainda prematuro para ser reconhecido como tal, mas que certamente terá seu lugar na história.
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E eu sigo seguindo meus passos sem encontrar relação entre uma coisa e outra.
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A crise financeira, as novas gripes, as tragédias aéreas e a violência urbana nos levam a reconhecer um mundo caótico através dos olhos da mídia.  O espelho tem outro fim. A mente não questiona, não recusa, não revida. Apenas aceita aquilo que se vê e que se ouve, sem pedir provas. A massificação não necessita de represálias porque os antigos xerifes fizeram muito bem a lição de casa.
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E para mim isso não faz o menor sentido.
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Bom dia, boa tarde, boa noite. Obrigado! Por favor, com licença, por nada. Tudo bem com você? Parabéns! Estimas melhoras, saúde, meus sentimentos. Amém. Feliz Natal. Feliz Ano Novo. Feliz Páscoa.
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Todos os clichês que não querem dizer nada. Ao menos, para mim.
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O mundo gira em torno do dia, da noite, da vida frenética que caminha para o fim. Dos sonhos das crianças, das ambições, das invejas que traem a alma de Deus, e do amor, que cura a alma dos homens. Mas nada disso, nada, tem sentido.
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E todo sentido se faz desnecessário quando somos um só.
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Marina Casadei
(texto originalmente escrito em 2009 - resolvi retirar do stand-by)

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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Os homens e as onças

Os homens, Homo sapiens sapiens, são os seres que sabem que sabem.
Sabem nada além daquilo que eles próprios designaram saber.
Como sabem que sabem, ou que não sabem, e qual o limite do saber, se vêm e vão de geração em geração quebrando provas daquilo que um dia foi até improvável?
Só sabem que nada sabem.
E só sabem disso porque o fulano falou que era assim.

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A onça, da família dos felinos, nada sabe.
São selvagens, matam para se alimentar. Protegem suas crias, sem saber por quê. São solitárias e não são domesticáveis.

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O que elas fariam se tivessem escolha? Eu sei.
Elas destruiriam a natureza.
Propagariam sofrimento, medo.
Abusariam do poder.
Matariam aos seus e aos dos outros.
Produziriam doenças.
E vacinas.
E mais doenças.
Reconheceriam que são infelizes.

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Elas fariam isso porque são selvagens. .
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Marina Casadei.
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