segunda-feira, 30 de março de 2009

E hoje em dia, como é que se diz eu te amo?

Por que as pessoas têm medo de amar? Pior, têm medo de demonstrar quando amam? Tanto na televisão, como em meu meio social, já ouvi muitos conselhos que dizem que não devemos falar o que sentimos porque quando declaramos um amor, estamos confinados ao sofrimento, visto que nosso(a) parceiro(a) irá nos atacar em função disso.

Mas será que agir com frieza evita esse tipo de atitude? Será que é isso que buscamos em nossa vida: um relacionamento frio, no qual um está medindo seus passos em relação ao outro, e vice-versa? Será que queremos que dure para sempre um relacionamento frio? Será que o que nós queremos é viver ao lado de alguém se sentindo acompanhados só de nós mesmos?

Esse tipo de pensamento é oriundo de experiências amorosas frustrantes e dolorosas. É preferível se culpar por ter amado do que aceitar a realidade de que amar não é suficiente. As pessoas, cada uma em sua individualidade, necessitam de outras coisas além do amor e isso está fora do alcance de seus parceiros(as).

Há alguns anos atrás, diziam para o amor não ser eterno, posto que é chama, mas para ser infinito enquanto dure. E hoje em dia, como é que se diz eu te amo?

Aos mestres Vinícius e Renato, obrigada por tornarem suas palavras conhecidas.

domingo, 8 de março de 2009

Estamos na Era dos Títulos!

Em meu primeiro estágio, há quatro anos atrás, me acostumei a ouvir meu chefe dizer que estamos na Era do Conhecimento e que conhecimento poderia ser entendido como o resultado da informação internalizada em conjunto com a experiência do indivíduo.

Ao longo da minha carreira universitária, fiz desse conceito o meu principal valor: enxerguei em cada aula a oportunidade de aprender algo novo de mão beijada, cada seminário como a chance única de treinar minha habilidade de comunicação e cada pesquisa como um presente que me permitia agregar valor a mim. Eu vivi intensamente cada gráfico, cada texto, cada apresentação em PowerPoint que eu construí.

E em meus estágios não foi diferente: em cada tarefa delegada via oportunidade de transformar o meio ao meu redor, otimizar, melhorar a qualidade e destruir barreiras. E não posso negar que sempre fui reconhecida pelos meus superiores como uma profissional de alto potencial e cheia de vontade.

Procurei estagiar em diferentes empresas. Públicas, privadas, multinacionais de várias origens, exercendo funções diferentes em áreas diferentes. A razão de tanta variedade era principalmente a busca pelo novo, por tarefas que me trouxessem mais conhecimento e me dessem a chance de agregar mais valor àquele meio. Quando percebia que esses precedentes haviam se esgotado, sabia que era hora de mudar de novo. Afinal, estávamos na Era do Conhecimento.

Mas a verdade é que meu primeiro chefe se enganou! Nós estamos na Era dos Títulos. Uma Era em que o importante são os títulos que você carrega, tais como o nome de sua faculdade, seus cursos extra-curriculares, o nome do cargo que você ocupou independente do que realmente fazia, o tempo de experiência, independente do valor que você agregou ao meio ou a si mesmo.

E por experiência própria posso garantir que é muito difícil fazer as duas coisas ao mesmo: agregar títulos e conhecimento, pois o conhecimento que cada título tem a oferecer é limitado e eu não podia parar frente a essa limitação.

O resultado disso é que hoje me sinto fora da sociedade trabalhista. Meu currículo não possui os títulos exigidos pelo mercado e meus valores assustam os níveis gerenciais. Além disso, existe a questão emocional, que me impede de me atirar de cabeça na Era dos Títulos.

Eh, Eugenio*! Parece que eu fiz a escolha errada.

Se você ler essa declaração, quero aproveitar para desejar ainda mais sucesso à sua carreira. Assim, quando você persuadir 50% mais 1 dos executivos do Brasil, eu poderei olhar para trás e dizer com todo o orgulho e respeito do mundo: obrigada por ter arruinado minha vida primeiro.

Marina Casadei
Universitária


*Eugenio: professor-doutor respeitadíssimo em consultoria de empresas, principamente na área de Recursos Humanos (Eugenio Mussak)