terça-feira, 5 de março de 2013

Felipe Neto: seu público faz sentido?

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Posso contar nos dedos quantas são as pessoas que partilham da mesma opinião que eu. Sim, porque, uma coisa é ter amigos que admiram o que você pensa e, eventualmente, se identificam com um trabalho ou outro. Outra coisa é encontrar um ser cuja opinião é idêntica em diversos assuntos, além da prática em si de pensar e questionar temas que parece que ninguém sequer percebe que existe.
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Particularmente, nunca fiz questão de divulgar meu trabalho. Eis, então, que surge da poeira cósmica do Rio de Janeiro este infeliz que simplesmente coloca em um vídeo – agradável, divertido, dinâmico – todas as opiniões que parece que saíram da minha cabeça! Parabéns pela coragem!
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Tenho um pergunta para você: quem é seu público? Você já se perguntou isso?
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Seu sucesso eclodiu justamente quando você pertenceu ao público que você critica. Você já sabe, mas explico: é muito fácil escolher um assunto que está no auge e simplesmente meter o pau. O vídeo teria que ser ruim demais para não chamar a atenção. Você só jogou no time adversário, mas estava no mesmo campo de futebol, correndo atrás da mesma bola, para alegrar a mesma torcida ensandecida. Fez um circo!
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Mas você tem mais conteúdo que isso. Um conteúdo que pegou carona no sucesso da futilidade. O conteúdo que eu e meia dúzia de pessoas admira.
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Mas afinal, quem é seu público?
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Seriam as pessoas que lutam contra a avalanche da futilidade, que pensam, questionam e procuram oferecer ao mundo o melhor de si mesmos? Ou seriam aqueles que simplesmente riem das palhaçadas que você faz e aproveitam seus vídeos para tirar sarro da irmãzinha fã do Justin, sem se dar conta que por trás de tudo o que você produz, você está tentando, em vão, gritar: pensa, filho da puta! Evolui, kct!
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Prefiro acreditar que você pertence ao primeiro público. Mas devo advertí-lo que seu sucesso é baseado no segundo, por mais irônico que pareça.
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E pela terceira vez, quem é seu público, Felipe Neto?
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Acho válido você expressar livremente sua opinião, sem se preocupar em agradar. Agora, desagradar a todos talvez não seja uma boa idéia. Talvez, seja hora de pensar sobre a pergunta que lhe fiz para não deixar seu trabalho morrer.
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O público inerte, que vai com a onda, uma hora cansa de você. A boa arte é apreciada por poucos.
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Marina Casadei
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