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Meus últimos meses foram de silêncio. Chamo de silêncio o período no qual não consigo escrever. E a razão disso é que não queria encher a cabeça do leitor com minhas últimas reflexões, que me fizeram desejar esquecer tudo aquilo em que acredito. De repente, cansei de defender idéias que não têm lugar na sociedade. Integridade, justiça, vitória do bem sobre mal. Tais idéias só têm lugar no mundo dos sonhos.
Meus últimos meses foram de silêncio. Chamo de silêncio o período no qual não consigo escrever. E a razão disso é que não queria encher a cabeça do leitor com minhas últimas reflexões, que me fizeram desejar esquecer tudo aquilo em que acredito. De repente, cansei de defender idéias que não têm lugar na sociedade. Integridade, justiça, vitória do bem sobre mal. Tais idéias só têm lugar no mundo dos sonhos.
Cada ano que passa, cada dia, cada experiência, me sinto como se estivesse sendo puxada para o outro lado, onde o senso de integridade é só mais um jogo hipócrita. E lamentei o fato de pertencer ao lugar que estou. Se tiver que dizer qual o laço que me une, não terei uma resposta certa.
Sonhar não é só dormir e se libertar do corpo. Sonhar é uma longa jornada, enfrentando trevas e dragões. Isso me traz a recordação da Princesa Sara, do Cavalo de Fogo. Me pergunto porque não fazem mais desenhos como aquele, que instigava as crianças a acreditar em algo que realmente vale a pena: sonhos são possíveis e integridade está acima de tudo.
Por esse motivo, eu gostaria de convidar o leitor a me acompanhar em uma viagem de verdade! Dentro de um mês, deixarei o país para fazer o intercâmbio com o qual sonho há seis anos. Serão dois meses fora, tempo suficiente para me deixar bastante apreensiva, já que tenho responsabilidades aqui.
Ao mesmo tempo, é como se já estivesse vivendo lá. Fico imaginando coisas e tenho receio de criar expectativas demais. Tenho receio de encontrar uma estrada de pedras quando espero flores. Tenho uma porção de receios. E não vejo a hora de pegar o avião e descobrir o que vai acontecer.
Ao mesmo tempo, é como se já estivesse vivendo lá. Fico imaginando coisas e tenho receio de criar expectativas demais. Tenho receio de encontrar uma estrada de pedras quando espero flores. Tenho uma porção de receios. E não vejo a hora de pegar o avião e descobrir o que vai acontecer.
O destino, bem, não é muito diferente do senso comum. Mas, pra que falar disso agora... Ainda estamos na primeira página.
Marina Casadei
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"Tenho receio de encontrar uma estrada de pedras quando espero flores"; essa frase tem td a ver comigo tb! Mas devemos ser confiantes, como na época de revolucionários aprigianos que conseguíamos td que queríamos e tínhamos sonhos como os da Sara!
ResponderExcluirMá, com certeza não encontraremos em nosso tempo a sociedade ideal em que desejamos viver. Mas ela deve ser construída. Assim, hoje vivemos em uma sociedade planejada e desejada por todas as gerações que nos antecederam. Esta sociedade é um reflexo do que nossos concidadãos do passado julgaram importante ou não valorizar no mundo e no Homem.
ResponderExcluirNós faremos o mesmo. Alguém precisa manter a vereda aberta. Não somente pelo benefício dos que virão, mas para nosso próprio. Para que possamos ter um pensamento bom, prenho de possibilidades, antes de dormir.
"Lembro-me de que certa noite – eu teria uns quatorze anos, quando muito – encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam “carneado”. (…) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode agüentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (…) Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.”
(Érico Veríssimo - Solo de Clarineta)
Beijo grande
ps.: gosto do que escreve.
ps.: este comentário ficou grande, não?! rsrs
Minha Frau Querida .... pegue pedra por pedra e atire em todos os obstáculos .... quebre todas as vidraças que bloqueiam a possibilidade de você apenas ver e nada tocar .... sinta que é possível fazer parte ... e me conte como você está .... mais forte como uma "pedra" ou mais frágil quanto uma "vidraça" ....
ResponderExcluirPS. Você está cada dia melhor nisso Frau ... eu aqui anciosa para ler os próximos capítulos ... Grd. Bjo.
Marina, você foi cooptada.
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