Nada termina como começa. Independente de como termina ou de como começa.
A verdade é que o tempo passa para todos.
Quando assisti O curioso caso de Benjamin Button pela primeira vez, não soube o que dizer. Eu estava no cinema com uma amiga e ela perguntou “o que você achou?” e eu respondi “não sei”. Ela perguntou “você gostou?” e eu repeti “não sei”.
Geralmente, baseio minhas opiniões naquilo que sinto em relação as coisas. E nesse caso, eu não conseguia entender o que havia sentido. Era algo como uma indiferença, mas que não era indiferente, porque eu não podia ignorar. Era vazio, mas um vazio cheio de algo desconhecido.
E pelo menos um ano depois, assisti o filme pela segunda vez. E já nas suas primeiras cenas, pude entender o que eu havia sentido no passado. Percebi que o desconhecido era, na verdade, uma identidade. A sensação de solidão, de otimismo, de tranqüilidade ao olhar para a vida, as descobertas que a rua nos traz, a pureza, a isenção de maldade, o perceber o quão as pessoas importam pelo que a perda delas representa, o dizer adeus, o apaixonar-se, as estranhas coincidências, a vida que cruza o caminho e deixa sua marca, a energia do mar.
Essa identidade também é o tempo passando. A vida correndo toda dentro de seu sistema biológico. E por mais que eu me sinta só uma poeira dentro desse sistema, as vezes sinto que o Universo se encerra nos meus olhos.
E então, eu me lembro da máxima de René Descartes Penso, logo existo.
E me lembro do memorável Álvaro de Campos quando diz Não sou nada, a parte isso tenho em mim todos os sonhos do mundo.
E as vezes, não sei distinguir o que é real e o que não é. E penso que não sei adotar um comportamento social porque não sei identificar as barreiras do cultural, emocional e da essência espiritual. Me sinto incompreendida, tentando imitar a sociedade para pertencer a ela, sem saber quem sou.
Me sinto o patinho feio. Me sinto Benjamin Button.
Marina Casadei
É engraçado como o inexplicável à nossa visão do real causa sensações que não conseguimos identificar. Esse filme faz você pensar como seria se fosse verdade, ao passo que você não quer pensar sobre algo que não existe. É estranho, causa dúvida, confusão ...mas o mais interessante de tudo: é que a realidade nos causa a mesma sensação.
ResponderExcluirA idéia de se sentir o patinho feio é o que eu considero mais normal em suas declarações. O estado natural do ser-humano é ser diferente, peculiar. Porém, infelizmente para pessoas que pensam (assim como você), não se encaixar tornou-se o estranho. O comum agora é milhões de pessoas totalmente diferentes buscando a semelhança apenas para fazer parte de um todo, mas eles não entendem que esse todo só é perfeito juntando as peculiaridades de cada membro e não as semelhanças.
ResponderExcluirAdorei o seu texto!!!!